Continuo na disputa”. A declaração, curta e direta, do deputado estadual e líder do Governo na Assembleia Legislativa Neto Evangelista (União Brasil), dada ontem ao bem informado jornalista Marco D`Eça, não apenas confirmou o racha no partido, com seus dois caciques – os deputados federais Pedro Lucas Fernandes, que o preside no estado, e Juscelino Filho, ministro das Comunicações – se posicionando em campos adversários, mas também abre a possibilidade de a polarização da disputa entre o prefeito Eduardo Braide (PSD) e o deputado federal Duarte Jr. (PSB) sofrer um forte abalo. Mais tarde, Neto Evangelista disse ao jornalista John Cutrim que sua posição será definida em conversa com o governador Carlos Brandão (PSB). A primeira declaração do deputado Neto Evangelista gerou certo impacto nas fileiras governistas, por causa da sua condição de líder do Governo na Assembleia Legislativa. Mas a segunda recolocou os pingos nos is.
Quando o deputado Neto Evangelista aceitou assumir a liderança do Governo na Assembleia Legislativa, um cargo politicamente importante e influente, a conclusão óbvia foi a de que se havia chegado a um acordo dentro do partido do União Brasil. A surpreendente intensidade com que Neto Evangelista estreou na função, tentando enquadrar deputados do PSB e do PCdoB, sugeriu que ele, de fato, havia arquivado o projeto de se candidatar novamente à Prefeitura de São Luís. A repetição do confronto de 2020 entre o agora prefeito Eduardo Braide e o agora deputado federal Duarte Jr. poderia ter sido um dos motivos da eventual desistência.
Tudo mudou com dois eventos ocorridos na segunda-feira. Entrevistado no telejornal matinal da TV Mirante, o ministro Juscelino Filho (Comunicações), que comanda uma banda do União Brasil no Maranhão, defendeu a candidatura do deputado Neto Evangelista à Prefeitura de São Luís, causando um forte zumzum nos bastidores da política municipal. Num total contraponto, à noite, o deputado federal Pedro Lucas Fernandes, chefe da outra banda do UB maranhense e formalmente presidente do partido no estado, participou de uma reunião no Palácio dos Leões, com vários dirigentes partidários, na qual foram definidas estratégias para fortalecer a candidatura do socialista Duarte Jr..
Em meio a esse sinal forte se racha no partido, o deputado Neto Evangelista, que até então vinha mantendo posição discreta em relação à corrida ao Palácio de la Ravardière, deu o sopro definitivo para a formação de uma tempestade perfeita dentro do União Brasil, ao declarar para o jornalista Marco D`Eça o bombástico “Estou na disputa”, mais tarde amenizado pela disposição de conversar com o governador Carlos Brandão. Se ele está mesmo para valer na corrida, ou não, o fato é que sua declaração deu força ao ministro Juscelino Filho no jogo interno do partido, colocando, ao mesmo tempo, o deputado federal Pedro Lucas Fernandes numa posição incômoda perante os seus aliados na frente governista, a começar pelo próprio governador Carlos Brandão (PSB), que é o coordenador do candidato socialista.
Governistas graúdos não descartam, mas avaliam como improvável a eventual candidatura de Neto Evangelista. Primeiro porque não acreditam que ele, mesmo sendo um político jovem, experiente e com forte militância em São Luís, tenha condições de virar uma disputa já marcada por uma polarização que virou uma espécie de “tira-teima”, tendo de um lado o prefeito Eduardo Braide, que é bem avaliado e tem o comando absoluto da máquina municipal, e de outro o deputado federal Duarte Jr., com forte penetração nas redes sociais e com o apoio do Palácio dos Leões e da aliança partidária governista. E depois porque seria uma posição equivocada largar a prestigiada liderança do Governo na Assembleia Legislativa para entrar num embate em que suas chances são bem modestas, dado o rumo que a disputa vem tomando.
Nesse contexto de falas e reações, o que está consolidado é o seguinte: na conversa que terá com o governador Carlos Brandão, Neto Evangelista deve expressar sua vontade de ser candidato, mas certamente ouvirá do chefe do Executivo que permaneça líder do Governo na Assembleia Legislativa.
Por Ribamar Corrêa.