A ex-primeira-dama de Tamandaré (PE), Sari Corte Real, está sendo julgada na manhã desta quinta-feira (3) pela morte de Miguel Otávio Santana Silva, garoto de cinco anos que faleceu após cair de uma altura de nove andares.
Seis meses após a morte do garoto, a primeira audiência de instrução e julgamento do processo é comandada pelo juízo da 1ª Vara de Crimes contra a Criança e Adolescente de Recife, e teve início às 9h desta quinta. A sessão tem como foco o interrogatório da acusada e a escuta das testemunhas indicadas pelo MP-PE (Ministério Público de Pernambuco) e a defesa da acusada.
Indiciada pela Polícia Civil de Pernambuco, Sari foi denunciada pelo MP por abandono de incapaz com as agravantes de cometimento de crime contra criança e em ocasião de calamidade pública.
Depois da sessão, o MP-PE e a defesa deverão apresentar as alegações finais, para o juízo decidir pela condenação ou pela absolvição Sari Corte Real.
O caso:
A morte de Miguel ocorreu em 2 de junho. Mirtes, a mãe do garoto, havia descido para passear com os cachorros da patroa. Para a polícia, o fato de Sari, que é mulher do prefeito de Tamandaré, ter liberado a porta do elevador e apertado o botão da cobertura com a criança sozinha na cabine permitiu a sequência de fatos que resultou na queda e morte do menino.
O delegado Ramon Teixeira chamou atenção para a imagem da câmera que mostra as tentativas de Sari de tirar Miguel do elevador. Depois de tentar por quatro vezes, às 13h10, ela teria pressionado o botão da cobertura do prédio.
Em depoimento na segunda-feira (29), Sari afirmou ter apenas simulado o acionamento. Mas o laudo pericial confirmou que o botão foi pressionado. Na avaliação do delegado, o mais relevante nessa sequência de imagens foi o fato da ex-patroa ter liberado a porta do elevador e deixado Miguel sozinho.
"Independentemente da ação de pressionar ou não, o que nós entendemos de relevante foi que aquela ação omissiva de permitir o fechamento da porta tem valor jurídico penal relevante para a responsabilização penal da investigada", disse o delegado.
Depois de ouvir 21 pessoas no inquérito, que possui mais de 500 páginas, o delegado o concluiu pelo indiciamento. Até então, Sari respondia em liberdade por homicídio culposo, quando não há intenção de matar. Ela chegou a pagar uma fiança no valor de R$ 20 mil.
Os últimos passos de Miguel foram reproduzidos pelo perito criminal em vídeo. Duas perícias criminais foram feitas no prédio. A partir dessa análise, foi criada uma animação que mostra quando o garoto sai do elevador no 9º andar, abre a porta corta-fogo e segue pelo corredor.
Ele pula o peitoril da janela, coloca os dois pés na caixa de compressores e, já na área técnica, sobe na grade quando uma peça se solta e ele cai de uma altura de 35 metros.
Com base nas evidências coletadas no local e nas imagens de câmeras de segurança, o laudo pericial apontou que a queda de Miguel foi acidental. "Da saída do 9º andar até a queda, foram 58 segundos, o que elimina a possibilidade de outra pessoa ter participado do evento", explicou o perito criminal André Amaral.
Com informações: R7.